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Correio Popular - Primeira Página - Pesquisa revela que 19% dos campineiros venderiam o voto


Pesquisa encomendada pela Organização Não-Governamental (ONG) Transparência Brasil ao Instituto Ponto de Vista aponta que 19% dos campineiros venderiam o voto. Ou seja, um em cada cinco eleitores negociaria o voto em troca de dinheiro. Dentro deste grupo, os valores da negociação variam: 8% venderiam o voto abaixo de R$ 200,00 e 11% acima deste valor. A constatação da possibilidade de venda do voto em uma cidade corno a de Campinas surpreende, de acordo com o diretor de Pesquisa da ONG e professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bruno Wilhelm Speck, porque no imaginário popular as negociações fraudulentas para eleger um candidato ocorrem apenas nas regiões do Nordeste.

Além disso, outras características - Produto Interno Bruto (PIB) per capita do campineiro ser 68% acima da média do país e 1,1% do PIB total do Brasil - pertence a Campinas, existência de universidades, etc., colocam em xeque explicações tradicionais que ligam a compra de votos ao baixo nível de instrução, às classes econômicas menos favorecidas ou aos municípios afastados dos grandes centros urbanos. Para exemplificar a sua tese o professor disse que 49,4% dos 480 eleitores de Campinas, ouvidos entre os dias 19 e 20 de setembro, afirmaram que a compra de voto é um dos problemas mais sérios nas eleições municipais.

A pesquisa mostra também que de acordo com a faixa etária, os eleitores jovens (16 a 24 anos) lideram com 31% o grupo que aceita a venda de voto. Em seguida, vêm as pessoas entre 25 e 34 anos (26%). Os eleitores na faixa etária entre 35 e 49 anos (10,6%) cometeriam corrupção. Já, 11,2% dos eleitores com 50 anos ou mais aceitariam negociar os votos.

Para Speck o fato de três em cada 10 jovens mostrar disposição em vender o seu voto é preocupante. “Mostra um certo cinismo e inexperiência. É preocupante porque o grupo de jovens é grande (25% do eleitorado). Serão eles que irão continuar votando. Uma das explicações poderia ser o fato de que quem tem mais idade acumulou experiência no processo político e acaba criando imunidade contra a intenção de venda devoto”, explicou o professor. Por outro lado, 76% (três entre quatro) dos campineiros negam a disposição em vender o voto. O estudante Hércules Buscariole, 19 anos, se enquadra entre os jovens que rejeitam a venda de votos. “Eu jamais venderia o meu voto porque eu seria prejudicado. A escolha do candidato deve ser feito pela sua proposta de governo e não pela oferta monetária”, criticou. Outros 4,9% não responderam a pergunta “Venderia o seu voto por dinheiro?”.

Outro fator que questiona o senso comum é com relação ao nível de escolaridade. Ou seja, quanto menor a escolaridade maior o índice de probalidade de vender o voto. Entre os eleitores com menos instrução (Ensino Fundamental incompleto ou analfabeto) 76,8% não venderiam o voto. “A pesquisa reprova estes preconceitos (negociação é feita por eleitores com menos instrução escolar e de baixa escolaridade). Os analfabetos são os que menos tendem a vender o voto”, garantiu Speck. A vendedora de cachorro-quente, Maria das Neves, 52 anos, por exemplo, condenou a troca de voto por “favores” ou dinheiro. “Acho um absurdo alguém trocar algo tão importante, como o voto, por dinheiro. E por causa disso que estamos com tantas problemas”, criticou ela. Já 69,3% dos eleitores com superior incompleto ou ensino médio completo não negociariam o voto. Apenas, entre os eleitores com pós-graduação a taxa de rejeição é total.

Já com relação ao fenômeno da compra de votos, o eleitorado feminino (54%) se preocupa mais do que o masculino (44%). Já ao contrário da disposição de praticar o ato davenda do voto, os jovens se preocupam mais do que os idosos. Na faixa dos eleitores de 16 a 24 anos, 59% mencionam o problema da compra de votos como um dos mais importantes. Entre os eleitores acima de 35 anos, a taxa cai para 44%.

A pesquisa apontou que 15% dos eleitores conhecem um cabo eleitoral que negocia o voto. Ou seja, um entre sete entrevistados conhece pessoalmente uma pessoa que negocia votos em troca de benefícios materiais e serviços. Segundo análise do levantamento “o intermediário realiza a barganha entre favores e votos, muitas vezes bem antes da fase da competição eleitoral”. Com isso, o assédio ao eleitor poderá se acentuar nos próximos meses, já que em 2004 acontecem as eleições municipais. O grupo com menor escolaridade (7,2%)e os eleitores acima de 50 anos (9,4%) informaram ter menos contato com os chamados cabos eleitorais.

O diretor da Transparência Brasil disse que o levantamento em Campinas (cuja escolha da cidade foi aleatória) é a terceira pesquisa de compra de voto que a ONG faz no Brasil. Nos dois primeiros levantamentos — de abrangência nacional — foram feitos pelo Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope). Segundo ele, a pesquisa revelou que nas eleições municipais de 2000, uma média de 6% dos eleitores brasileiros recebeu ofertas em dinheiro para vender o seu voto. Em 2002, nas eleições estaduais e federal, a taxa foi de 3% - “Não dá para dizer que houve uma redução porque os dois levantamentos não são compatíveis devido a natureza diversa das duas eleições”, explicou Speck.

INSTITUTO ENTREVISTOU QUASE 500 PESSOAS

O Instituto de Pesquisa Ponto de Vista, a pedido da Organização Não-Governamental (ONG) Transparência Brasil, ouviu 480 pessoas com mais de 16 anos de idade entre os dias 19 e 20 de setembro. O objetivo da pesquisa é avaliar a existência, com demandas e ofertas, do mercado de compra de votos, em Campinas. A ONG já fez duas outras pesquisas encomendadas ao Instituto Brasileiro de Opinião Estatística (Ibope) com abrangência nacional sobre compra de votos. Os levantamentos foram feitos durante as eleições municipais de 2000 e em 2002 (pleito federal e estadual).

Para a pesquisa em Campinas, o Instituto selecionou cotas proporcionais para idade e sexo, conforme os resultados do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000. Segundo o diretor da empresa Ponto de Vista, Rodrigo de Godoi, foram escolhidos oito pontos de fluxo (Largo do Rosário, Fórum, 13 de maio, Avenida Francisco Glicério, Praça Carlos Gomes, Paço Municipal, Centro de Convivência e Lagoa do Taquaral). “Escolhemos estes pontos porque teríamos uma distribuição equilibrada de diferentes perfis necessários para a amostragem”, ressaltou. O levantamento permite uma margem de erro máxima de 4,47%, podendo oscilar para mais ou para menos. O intervalo de confiança é de 95%.

MAIS DA METADE ‘ENGANARIA’ O COMPRADOR

Do grupo que afirmou que poderia vender o seu voto, 55% disseram que não votariam no candidato que comprou o voto. Somente uma entre quatro pessoas (27%) afirma que votaria no comprador e, 18% não souberam responder. O diretor da ONG Transparência Brasil, Bruno Wilhelm Speck, disse que o indício da existência da indústria ilícita da compra de votos não é um problema apenas do candidato, mas também do eleitor “Mais do que questões técnicas ou legais de fiscalização e punição, o mercado de negociação de votos está ligado a práticas arraigadas de interação entre candidatos, eleitores e profissionais de intermediação”, afirma o texto da pesquisa.

Apesar de muitos eleitores afirmarem que venderiam o voto, a prática é considerada crime de acordo com a legislação. A lei federal 9840/99 prevê a apuração e punição do concorrente durante o período de campanha, inclusive com a cassação do registro do candidato, caso seja denunciado. De 1996 a 1999 a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez uma campanha contra a corrupção eleitoral. “Apesar da compra de votos estar sendo investigado em vários países, quando se começa um pleito eleitoral o que mais sai na mídia é a intenção de voto, ressaltou o professor.

Para 77,5% dos eleitores campineiros a falta de honestidade nos candidatos é um dos problemas mais sérios nas eleições municipais. Em seguida, com 49,4% aparece a compra de votos. A preocupação com candidatos desconhecidos (35%) e o abuso da máquina governamental em favor de determinados candidatos ficaram em terceiro lugar (35%) nas preocupações dos campineiros.

PARTIDOS POLÍTICOS CULPAM ELEITORADO

Apesar de condenar a prática de compra de votos pelos candidatos, os presidentes dos partidos políticos disseram que o problema é de responsabilidade também do eleitor que aceita e, pode até estimular a continuidade da ilegalidade. O presidente do PSB, deputado estadual Jonas Donizette, disse que o índice de 19% de eleitores campineiros que venderiam o voto não o surpreende. “Durante a campanha tem eleitor que insinua que outro candidato ofereceu tal coisa. Eu deixo claro que não compro voto e acho que esta pessoa não é confiável”, disse ele. Para o presidente do PT João Leite, a prática é condenável. “Os partidos políticos e a sociedade civil devem fazer campanhas para evitar esta prática”, ressaltou. “O fim da compra de voto só acontecerá com a elevação do nível de consciência dos direitos dos cidadãos”, afirmou o presidente do PCdoB, Eduardo Debrassi.

Já para o peefelista, Guilherme Campos Filho, a pesquisa retrata a realidade. “Saimos do voto do cabresto para o cabresto econômico”. “Só quando a economia começar a crescer e a oferta de emprego for realidade é que a dignidade do ser humano voltará. Com isso, não precisará trocar o voto por dinheiro ou cesta básica”, disse Campos Filho.

Para a presidente do PSDB, deputada estadual Célia Leão, tanto o eleitor quanto o candidato devem ter uma postura moral e ética para não cometer este tipo de crime. “É uma questão de consciência. Não se pode vincular a doação ao voto, mas não dá para deixar uma pessoa passando fome”, ressaltou.

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