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Revista Autodata - pág. 33 a 36 - Terapia de grupo para o alto escalão do empresariado


O alto escalão do empresariado está carente. Dezenas de reuniões mensais, longas viagens e sucessivas jornadas de trabalhos ininterruptas tomam todo o tempo de presidentes e proprietánios de empresas de grande porte. A família, os amigos e até a merecida cervejinha de todos os mortais invariavelmente ficam em segundo plano.

Ainda pior é a solidão desses trabalhadores no desempenho de suas funções. Designados para tomar as decisões mais importantes eles não contam com colegas do trabalho do mesmo escalão para discutir tête-à-tête as melhores soluções. Afinal, o que diria outro executivo da matriz de uma multinacional diante da dúvida de seu representante-mor na filial?

No Divã - Por esses e outros motivos alguns desses profissionais têm aderido a grupos de debates nos quais dividem suas aflições, dúvidas, inseguranças e experiências de trabalho. “A convivência toma proporção tão grande que a vida pessoal também vira pauta durante as reuniões”, conta André Kaufmann, sócio da Renaissance Executive Forums, franquia de empresa americana especializada na formação desses grupos.
O próprio Kaufmann há doze anos, ainda dono de uma siderúrgica, recorreu a serviço semelhante. “Sentia a necessidade de compartilhar o cotidiano com pessoas que falassem a mesma língua que eu”.

Muito pouco difundida no Brasil, a prática é sucesso no mundo há mais de duas décadas. Lá fora as reuniões são chamadas de terapias de grupo. Aqui o termo não é muito bem-aceito, há certa resistência dos grandes líderes em deitar no divã e assumir as suas carências.

Apesar de acreditar nos resultados terapêuticos das atividades desenvolvidas nas reuniões mensais dos grupos, Kaufmann justifica a diferença dentre debates e sessões terapêuticas:
“Seria realmente uma terapia se houvesse um psicólogo ou psiquiatra envolvido no grupo, o que não ocorre. Em contrapartida, o fato de expor sentimentos e têlos analisados e debatidos é, de certa forma, uma terapia”.

Ouvir é um dos desafios propostos nos encontros, opina Marcos Burani, adepto de um grupo de debates há sete meses e diretor da Vocal, conglomerado formado por seis concessionárias Volvo de veículos comerciais e outras três revendas de automóveis da marca. Para ele a parte mais difícil, porém gratificante, é aprender a receber criticas, “algumas até chocantes”, sobre suas idéias e procedimentos.

“No cargo de chefia dificilmente alguém chegará até você e analisará suas decisões. Fora do trabalho os amigos mais opinam que criticam e também preferimos falar de coisas mais agradáveis”, admite o empresário que se sente órfão no trabalho. “Na hora das grandes decisões estamos sozinhos.”

O isolamento despropositado a que se submetem profissionais de tal gabarito leva-os a fazer dos grupos de debate uma válvula de escape para aflições pessoais. Kaufmann revela ser quase impossível os participantes deixarem conflitos íntimos fora dos temas abordados nas reuniões.

Como todos os participantes invariavelmente integram postos de liderança e compartilham da mesma rotina atribulada, os encontros acabam se tornando um evento também de cunho social.

“Todos nós somos carentes de amizade por não termos tempo para nos dedicar a ela. Ao menos hoje tenho a certeza de que uma vez ao mês encontrarei amigos e unirei o útil ao agradável, ou seja, bater-papo e trabalhar simultaneamente”, afirma Fany Lupion, diretora comercial e sócia da CNT, distribuidora de produtos de informática.

Casada, mãe de dois filhos e responsável por carteira de 7 mil clientes ela passa dez dias úteis do mês viajando. Tempo para família e amigos está fora de cogitação, só mesmo à noite quando volta para casa ou fins de semana. Satisfeita profissionalmente, carrega enorme sentimento de culpa por não acompanhar o crescimento de seus filhos. “Encontrei no grupo apoio para enfrentar essa questão pessoal e descobri nos companheiros, todos homens, que eles sofrem do mesmo mal. Se antes eu não tinha amigos, hoje os encontro nas reuniões, o que me dá um certo alívio.”

Atualmente estão ativos cinco grupos compostos por doze participantes escolhidos a dedo. Somente após profunda análise comportamental o candidato é aceito. Idoneidade e bom caráter são fundamentais, afinal a proposta inicial do grupo é discutir os melhores caminhos a ser trilhados nas importantes decisões de seus negócios. O sigilo é assegurado por termo de compromisso assinado, mas o que vale e a consciência de cada um. Outro cuidado tomado pelos organizadores é mesclar as áreas de atuação dos participantes e evitar a influência da opinião de um concorrente.

“Inteirar-se da realidade mercadológica de outros segmentos amplia as análises dos resultados almejados”, atesta Roberto Ducatti, presidente da Bandag, multinacional recauchutadora de pneumátricos, há dois anos e meio participante das reuniões da Renaissance.

Ciente da ingratidão de seu cargo, como ele mesmo diz, e avesso à idéia do divã, Ducatti nunca foi de tomar decisões de uma hora para outra, sempre pensa muito antes de qualquer iniciativa. Os debates duplicaram sua prudência e, acredita, o sucesso nos negócios. “As coisas só andam bem quando o profissional está feliz consigo”.

Foi sob essa ótica que Alcides Ribas, sócio de Kaufmann, decidiu por abraçar a idéia da Renaissance. Depois de trinta anos trabalhando para a General Motors, onde chegou a diretor de qualidade, Ribas notou que funcionário mal-resolvido e insatisfeito era falha certa na linha de produção. Quando passou a tratar a questão viu 80% dos problemas serem mais facilmente resolvidos. Decidiu então cuidar dos líderes, como ele mesmo fora.

Remédio Próprio - Mais feliz e seguro após cada encontro, Lupion colhe os frutos do investimento de R$ 1 mil 770 pagos mensalmente. Lá tem encontrado força para continuar dedicando-se à CNT sem maiores crises de consciência e angariando novas idéias para seus negócios. O diretor da Vocal agora passou a ouvir mais não só seus companheiros de grupo, mas também seus funcionários. Assim vê as atividades fluírem melhor dentro da empresa.

E André Kaufmann não só trabalha na orientação do grupo de sua responsabilidade dentro da Renaissance como continua consultando-se com os colegas nas reuniões mantidas em outra empresa do mesmo segmento. Bem-sucedido profissionalmente e feliz na vida pessoal, se diz a prova viva de que seu negócio oferece bons resultados.

A metodologia importada dos Estados Unidos por André Kaufmann e Alcides Ribas vem adquirindo adeptos no Brasil. Ambos saem em busca de líderes de primeiro escalão de empresas de porte pequeno, com faturamento de até R$ 1 milhão por ano, e até das grandes, aquelas que batem nos R$100 milhões anuais.

O objetivo é trazê-los para grupos de debates em que seus negócios e os problemas advindos deles constituem pauta de reuniões com mais outros onze executivos do mesmo pode. Os grupos têm marcado um encontro por mês e cada vez é realizado na empresa de um dos participantes.

Impreterivelmente às 8 horas da manhã começam as atividades. A primeira delas é uma palestra, sempre tratando de assuntos diversos, de astrologia à administração empresarial. Pequeno intervalo e um participante, auxiliado por um facilitador, apresenta case e debate por mais uma hora as possíveis soluções.

A terceira parte é reservada para a mesa redonda, momento de discutir qualquer assunto que sintam necessidade. Geralmente é nesta fase que entram discussões de caráter mais íntimo. Como os grupos contam com doze pessoas todos têm a chance de expor seus dilemas.

Ao fim do ano, um workshop de dois dias é realizado. No primeiro todos conflitos e anseios pessoais são analisados e então planejadas metas para o ano vindouro. No segundo dia as mesmas tarefas, agora com foco nos negócios.

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