Campinas/SP - Segunda, 10 de novembro de 2025 Agência de Notícias e Editora Gigo Notícias  
 
 
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Campinas-SP

 

SHOW DE DARCY DA MANGUEIRA EM CAMPINAS  


Reduto da boa música brasileira em Campinas, o Tonico´s Boteco tornou-se uma referência cultural no centro da cidade por receber artistas e intelectuais para apresentações, lançamentos e outras reuniões descontraídas. O nome é uma homenagem ao maestro e compositor Antonio Carlos Gomes, cujo apelido era Tonico. O casarão centenário onde está instalado o boteco foi preservado com toda estrutura arquitetônica original, e está localizado em frente a praça Antônio Pompeu, marco zero de Campinas, cercado de referências históricas e culturais. É um ponto de encontro diferenciado na noite campineira: um espaço boêmio onde a informalidade, a sofisticação e o ambiente agradável convivem em harmonia. Na decoração, painéis fotográficos da cidade antiga e posters de obras do maestro. No cardápio, pratos variados que vão desde os acepipes, petiscos e sanduíches especiais até pratos a La Carte. Na parte de bebidas, diferenciais como pingas aromáticas, o stanheguer W Double (exclusividade na cidade) e aperitivos exclusivos, além do chopp e cerveja sempre muito gelados. A casa é do empresário Paulo Henrique de Oliveira, não cobra consumação mínima, aceita todos os cartões de créditos e mantém convênio com os estacionamentos do Carmo e Simopark. Rua Barão de Jaguará - 1373, no Centro, em Campinas / SP. Reservas de mesa e informações pelo fone: (19) 3236 1664.


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Fabiana Franco, jornalista (MTb 36.505)



“Vou dar tudo de mim para deixar o público feliz”. Essa foi a promessa feita por Darcy da Mangueira, o segundo sambista a se apresentar no Tonico’s Boteco, em Campinas. O carioca é um dos quatro participantes do projeto cultural “Ala de Compositores no Boteco” e canta nos dias 22 e 23 de janeiro, quarta e quinta-feira, às 21h30, acompanhado pelo Quarteto de Cordas Vocais (QCV) e couvert artístico a 10 reais.

O tijucano Darcy Fernandes Monteiro teve o primeiro contato com o samba ainda pequeno. Aos quatro anos de idade já freqüentava a Unidos da Tijuca junto com seu pai, compositor e um dos fundadores da escola. Ali, desfilava e tocava em latas e, entre nove e dez anos, já compunha suas primeiras canções. Porém, se considerava inexperiente comparando-se com Carlos Cachaça e Cartola, seus grandes inspiradores. Em 1946 a família mudou-se para uma favela perto da quadra da Mangueira. Foi lá que, aos 14 anos, começou sua história com a Verde-e-Rosa, que mais tarde lhe emprestaria o sobrenome (adotado, a princípio, pela imprensa e depois pelo próprio Darcy).

Foi em 1950 a sua entrada definitiva na reunião dos compositores da Mangueira, onde fundou a Ala dos Diferentes, formada por violonistas. Anos depois, já era bicampeão com os sambas de enredo “O Mundo Encantado de Monteiro Lobato” e “Samba, festa de um povo” (1967 e 1968, respectivamente). Atualmente desfila na ala de compositores ou na Velha Guarda da Escola.

“Darcy da Mangueira e história do Samba”, gravado em 1968, foi um dos álbuns de maior sucesso do compositor e continha a faixa “Samba do Trabalhador”, música que compôs sozinho e fez sucesso com a regravação de Martinho da Vila.

Sua experiência no samba vai além do Oiapoque ao Chuí. O sucesso das músicas de Darcy chegou às mãos de empresários espanhóis. Foi o passaporte de ida à Espanha, França e Itália. Lá, o sambista e mais um grupo de músicos e mulatas contagiaram o público de praças, boates e clubes. “Eram muitos aplausos, muita gente. Só voltamos para o Brasil porque, após cinco meses, não agüentávamos mais de frio”, confessou. E, no mesmo ano (1972), venceu o concurso “Encontro dos Compositores no Rio” com a música “Quero sim”, feita em parceria com Leci Brandão, interpretada por Renata Lu e regravada por Alcione e pela própria Leci. Entre as concorrentes estavam grandes nomes como Clara Nunes e Elza Soares.

Antes de se dedicar somente à música, o sambista foi metalúrgico, padeiro, barraqueiro de feira e até guia de cego. Aposentou-se pela Companhia DOCAS (o porto) do Rio de Janeiro onde trabalhou por 21 anos como técnico de segurança do trabalho. Mas foi na profissão de taxista que Darcy teve seu grande momento de inspiração. “Ia de ônibus da Vila Kennedy ao Centro do Rio para pegar o táxi e trabalhar à noite. Já tinha escrito alguns versos da música e não conseguia finalizá-la. De repente, durante os 40 minutos de viagem, olhei para o pôr-do-sol avermelhado, amarelado. Foi quando tive um estalo e o verso me veio à cabeça: ‘Quando uma luz divinal iluminou a imaginação de um escritor genial’. Peguei o carro e fui direto à Mangueira mostrar minha criação. Surgia o enredo campeão de 1967, Mundo Encantado de Monteiro Lobato”, conta o mangueirense.

Hoje, com 70 anos e 56 de samba, Darcy confessa não ser fácil a carreira de artista. “É muito difícil porque ele tem que estar sempre na mídia. Quando está no auge, todo mundo te abraça, te dá beijinho, os empresários e a imprensa ‘correm atrás’ de você. Depois, quando você está ‘fora de moda’, todo mundo te esquece. Daí, aparece um trabalho agora, outro daqui há um ano, e assim vai” – e completa – “O Brasil não dá valor à ‘prata da casa’. Preferem os americanos, as músicas internacionais. No Rio, por exemplo, a maioria das lojas tem o nome escrito em inglês. Somos obrigados a estudar a língua deles até para ler um manual de produto, um jornal. Às vezes me pergunto: será que estou no Brasil? Acho que os governantes deveriam proibir tanta influência. Ou, então, a palavra deveria estar com a tradução embaixo ou, por que não, levarmos a nossa língua, a nossa música até eles”. E, mesmo no país do Carnaval, Darcy confessa não estar feliz com o tratamento dado aos intérpretes do samba. “As emissoras de rádio e gravadoras se esqueceram de grandes nomes como Alcione, Beth Carvalho, e grupos como o Fundo de Quintal. E os sambas de enredo, hoje em dia, não têm poesia, história. Todo mundo ‘pega’ a música no momento e depois não se lembra mais. São CDs descartáveis”.

Quanto aos shows organizados pelo Tonico’s, Darcy da Mangueira considera muito importante a abertura dada à música de raiz. “Não conheço Campinas, mas soube que muitas pessoas prestigiam a boa música. Espero que o público possa curtir, se sentir à vontade, afinal, o samba continua ‘vivinho’ e forte. E vamos continuar resistindo”.

O projeto “Ala de Compositores no Boteco” continua com os shows de Roberto Serrão (5 e 6/02) e Noca da Portela (19 e 20/02). O primeiro a se apresentar foi Niltinho Tristeza (8 e 9/01). O Tonico’s Boteco fica na Rua Barão de Jaguara, 1373 , no Centro de Campinas. Reservas de mesas podem ser feitas pelo fone (19) 3236 1664. Confira abaixo a letra de um dos sucessos de Darcy da Mangueira:


SAMBA DO TRABALHADOR

Na segunda-feira não vou trabalhar
Na terça não vou pra poder descansar
Na quarta preciso me recuperar, ê ê ê a
Na quinta eu acordo meio dia, não dá, ê ê ê a
Na sexta viajo pra veranear, ê ê ê a
No sábado vou pra Mangueira sambar, ê ê ê a
Domingo é descanso, eu não vou mesmo lá, ê ê ê a
Mas todo fim de mês, eu chego devagar, ê ê ê a
Porque é pagamento, eu não posso faltar, ê ê ê a
E, quando chega fim de ano vou minhas férias buscar
E quero o décimo terceiro pro Natal incrementar
Mas na segunda-feira não vou trabalhar, ê ê ê a, ê ê ê a,
ê ê ê a
Eu não sei porque eu tenho que trabalhar
Se tem gente ganhando de papo pro ar
Eu não, eu não vou eu não trabalhar
Eu só vou, eu só vou se salário aumentar
Ê ê ê a ê ê ê a
A minha formação não é de marajá, ê ê ê a
Minha mãe me ensinou foi colher e plantar, ê ê ê a
Eu não, eu não vou eu não trabalhar, ê ê ê a
Eu só vou, eu só vou se salário aumentar, ê ê ê a
Ê ê ê a ê ê ê a
Tô cansado!



Fonte:

Paulo Henrique de Oliveira, do Tonico´s, fone (19) 3236 1664
Leandro Fregonesi, produtor musical, fone (21) 9626 7077


 

 
 
   
   
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