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Campinas-SP

 


ENTREVISTA

 

MARCOS FROTA  

"Quero por a história do circo no cinema para fechar um ciclo e eternizar a arte circense"


O circo chegou e, tudo indica, para ficar. O ator Marcos Frota, também conhecido por papéis marcantes interpretados em novelas da TV Globo, estreou no mês julho, em Campinas (SP), a Universidade Livre do Circo (Unicirco), cuja tenda está instalada no Parque Portugal (Lagoa do Taquaral) até dezembro de 2009. Além de espetáculos, o projeto Unicirco oferece cursos para novos artistas e aperfeiçoamento para quem já atua nos picadeiros. Segundo o ator, a ideia é que o circo, cujo trabalho tem um amplo caráter social, fique permanentemente na cidade, com aulas e oficinas durante o dia e espetáculos à noite. Os espetáculos já foram aplaudidos por mais de dois milhões de espectadores por todo o Brasil, em locais como Maracanãzinho, Ibirapuera, Esplanada dos Ministérios e o parque de diversões Hopi Hari (Itupeva/SP), desde o lançamento do projeto em 2.000. Seguindo seu objetivo central, grande parte deste público foi conferir o espetáculo gratuitamente. Nesta entrevista, Marcos Frota nos conta como tudo começou: a paixão pelo circo, a conciliação com sua carreira na TV, o Unicirco e o que mais vem por aí, como o louco desejo de fazer um longa metragem sobre o circo.


Por Luiza Bragion, em setembro/2009



Como surgiu a paixão pelo circo?
Marcos Frota: Estou nessa área há muitos anos e minha família tem uma tradição mambembe. Ao mesmo tempo, minha carreira artística foi sendo conduzida para a televisão e, mais especificamente, para a Globo. Foi justamente vivendo essa vida de celebridade e cheia de luxo é que minha inquietude social e espiritual se acentuou. Passei a ver o circo não só como arte pela arte, mas como um instrumento de promoção humana e resgate da cidadania. Sabe, é algo muito pessoal, interior, mas que quero compartilhar com meus filhos. Sempre aprendi muito com pessoas simples. Ao mesmo tempo, meu trabalho como ator me deu visibilidade e pude, com isso, levar o circo às mais consagradas casas de show, espaços artísticos e programas de TV.

Como foi o processo de criação da Unicirco e como ela se consolida hoje?
Pois é, após todo esse sucesso com grandes espetáculos, percebia que faltava algo mais. E essa percepção tinha tudo a ver com essas inquietações com a questão sócio-cultural. Ficava muito repetitivo fazer um circo comercial. Após erros e acertos, idealizei um projeto que unia o espetáculo com oficinas e treino de novos talentos. Por meio de parcerias – hoje com a Petrobrás e a Fiat, por exemplo – nascia o Unicirco, em 2000. Fomos criticados pelo nome “universidade”, mas o título surge da ideia de erudição, tradição, infinitas possibilidades e força para chegar à população que não tem tantas oportunidades. Ao mesmo tempo, pouco tem de acadêmico e muito tem de universalidade. Sim, viajo todo o país “criando oportunidades”. O Unicirco tem total sinergia com as comunidades locais, pois fazemos palestras, selecionamos jovens para diversas atividades e levamos a cultura a essas pessoas. Claro que tem o lado social, mas não podemos nos esquecer que circo é arte, público, emoção e aplauso. Sem garra dos artistas, ele morre rapidamente.

Quais são as principais linhas de atuação da Unicirco?
A Unicirco tem quatro vertentes: artística, pedagógica, cultural e social. A questão da arte é óbvia, mas o circo, como já disse, sobrevive de lindos espetáculos, com qualidade, que discutam a cultura brasileira. Para isso, nunca deixamos de lado a capacitação dos nossos jovens, com aulas em diversos horários. O lado pedagógico consiste nas oficinas livres que ministramos periodicamente, muitas vezes em parceria com outros projetos. Penso também no Unicirco como espaço cultural, pois é um centro de convivência e um amplo espaço para diversos shows, não necessariamente do circo em si, mas que pode ser utilizado por outros grupos artísticos. E, por fim e tão importante quanto, é o lado social.

Os espetáculos são pagos ou gratuitos?
Estamos levando os espetáculos ao grande público por preços populares e, na maioria das vezes, gratuitamente. No caso de Campinas, disponibilizamos ingressos gratuitos para cerca de 100 instituições de caridade, Guarda Municipal, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, além de universidades, centros de saúde e escolas públicas. São ingressos familiares para vivência do lazer e da cultura. Além disso, o circo está para uma criança, assim como o futebol. Realiza sonhos de jovens que poderiam, em decorrência da realidade que vivem, ir para caminhos tortuosos. Só exemplificando, treinei um menino que era traficante de drogas e hoje está no Canadá, é um dos melhores artistas do consagrado Cirque du Soleil.

Em que fase está o projeto hoje, com quase dez anos de existência?
Não foi fácil lutar por ele durante esses anos, principalmente quanto às parcerias e conseqüentes cobranças. No entanto, hoje alcançamos a fase de consolidação do projeto. Para mim, é uma missão mesmo. Estou sempre buscando novos parceiros, sejam financeiros ou pedagógicos. Temos uma lista de espera com sessenta cidades que solicitam nossa presença. Mas, para que cheguemos a todas elas, temos que dar uma “cara” definitiva no projeto e fortalecer a gestão.

Qual a importância da região de Campinas para a difusão dessa arte?
A história de Campinas tem muito a ver com o circo. Os artistas mambembes sempre se dirigiam ao interior paulista, fixando residência por longo tempo. A comunicação era unificada e atravessou muitas gerações de personalidades do circo. Ao mesmo tempo, a região de Campinas conta com muitas faculdades e universidades, que estudam o circo como fenômeno social. Acredito que a Unicirco está pronta para Campinas, que é um pólo, está próxima de tudo e conta com muitos estudantes.

Ao longo da sua carreira, você interpretou alguns personagens com deficiência, como os consagrados “Tonho da Lua” (Mulheres de Areia-primeira versão) e “Jatobá” (América), em novelas da Rede Globo. Isso tem alguma relação com essa preocupação social e com a inclusão?
É verdade, sempre gostei de interpretar personagens desafiadores e, ao todo, foram quatro com alguma deficiência. Isso também me fez ficar mais próximo dessas pessoas e entender como trabalhar a inclusão é importante. Na verdade, uso o circo para sensibilizar a população sobre essas questões. A felicidade do outro é o grande sentido da minha vida, não quero desperdiçar oportunidades nesse sentido.

Quais são seus projetos para o futuro?
Logicamente, pretendo dar continuidade à carreira de ator, sensibilizando e mobilizando as pessoas, ajudando a divulgar e promover ações. Além da consolidação do Programa Unicirco, meu projeto mais desejado hoje é a fazer um longa-metragem sobre a história do circo em nosso país. Acho que a indústria cinematográfica brasileira já está madura para isso. Isso fecharia um ciclo e eternizaria as artes circenses.



 


  • ALFRIED PLÖGER -1/6/2001
  • LUIZ ANTONIO FERNANDES -19/2/2002
  • DORIVAL BRUNI-18/4/2002
  • NEI LOPES-19/9/2002
  • MONARCO DA PORTELA-4/10/2002
  • NELSON SARGENTO-18/10/2002
  • RODRIGO BAGGIO-6/8/2003
  • LUIZ GRACIOSO-17/9/2003
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